sexta-feira, 29 de março de 2013

Sexta-feira Santa





Hoje é Sexta-feira Santa.
Aqui, no meu canto, tenho estado a recordar.

Há muitos anos era um dia solene.
Segundo consta da história da Igreja, Cristo morreu pelas três da tarde.
Lembro-me que na minha aldeia, este dia era muito respeitado.
Então a partir das três da tarde, hora da morte de Jesus, o ambiente ficava mais pesado.
Os diálogos aconteciam mais ou menos em voz baixa, em sinal de pesar.
O sino só voltava a tocar no sábado às dez, depois da Ressurreição de Cristo.

As casas quase todas com soalho de madeira, cheiravam a sabão azul e branco.
Estavam alindadas e prontas para receber a visita pascal, que se fazia na segunda-feira seguinte.
Era um regalo para a vista e para o olfacto.
Ainda hoje esse cheiro permanece nas minhas memórias olfactivas.
Diria até que se mantém vivo e inalterável.

A tarefa seguinte era começar a prepara as refeições da Páscoa.
Do cabrito às iguarias doces, tudo estava presente na mesa de quem podia.
Como sempre, havia os deserdados da sorte.
Esses coitados ficavam sujeitos à boa vontade de quem a tinha.

No sábado, era o dia da alegria.
Às dez horas da manhã, o sino, com um som forte, repicava durante horas ou quase todo o dia: dlão, dlão, dlão, dlão dlão…
Era a festa da Ressurreição.
A partir daí, a alegria extravasava.
Soltava-se tudo o que durante a quaresma tinha estado contido.

Eram tradições muito bonitas que deixaram saudades.

Uma Páscoa feliz para todos.

Abraço.












Também nós aqui por casa tentamos manter as 
tradições - neste caso, as de Bustelo da Lage, 
na Beira Alta... 
Vai por isso aí ao lado um folar tradicional caseiro. 
Feito por mim.
Pena que não possam provar. 

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